Muitas pessoas vivem anos tentando fugir da própria dor. Sentimentos como rejeição, abandono, medo e culpa são varridos para debaixo do tapete na tentativa de seguir em frente sem encará-los. Acreditamos que ignorar o sofrimento fará com que ele desapareça, mas o que ocorre é exatamente o contrário: a dor escondida se transforma em um veneno silencioso, contaminando nossa fé, nossos relacionamentos e a forma como nos vemos diante de Deus.
Para experimentar o amor de Deus em sua totalidade, precisamos nos aproximar de nós mesmos com verdade. Isso significa acolher a própria dor. Não se trata de romantizar o sofrimento ou dizer que ele é algo “bom”. Mas de reconhecer que ele existe e que faz parte da nossa história. Enquanto a dor for negada, ela se fortalecerá no escuro. Mas quando é acolhida, pode ser iluminada, compreendida e, com o tempo, transformada.
Deus não espera de nós uma oração perfeita. Ele não espera uma fé sem falhas ou sentimentos impecáveis. Ele deseja que nos apresentemos com tudo o que somos: inclusive com nossas feridas. A dor, quando acolhida, pode se tornar o ponto de encontro entre o nosso coração e o coração de Deus. Abraçar a dor é o início de um caminho de cura e reconexão com o amor divino.

Acolhimento da própria dor é se abrir para o amor.
A dor negada se transforma em prisão.
Vivemos numa sociedade que valoriza o desempenho, a positividade tóxica e a aparência de perfeição. Chorar em público é sinal de fraqueza, desabafar é incômodo, e demonstrar vulnerabilidade é visto como perda de controle. Esse contexto nos leva, muitas vezes, a criar máscaras: sorrimos quando estamos tristes, dizemos “está tudo bem” quando nosso coração está despedaçado.
Essa negação da dor tem um preço alto. Em vez de diminuir, o sofrimento se acumula, afetando não apenas a saúde emocional, mas também a espiritualidade. A pessoa ferida começa a acreditar que não é digna do amor de Deus, que não pode orar com sinceridade ou que precisa esconder seus sentimentos até mesmo d’Ele. A oração se torna um ritual frio, desconectado da alma, e a relação com Deus passa a ser marcada por medo, cobrança e culpa.
A dor não reconhecida cria distâncias: entre o indivíduo e sua própria história, entre ele e os outros, e entre ele e Deus. E isso gera mais solidão. Fugir da dor, na prática, é se afastar da oportunidade de ser curado. É manter-se fechado para a experiência de misericórdia e consolo que Deus deseja oferecer.

Quando paramos de fingir, damos espaço para que Deus nos encontre.
Acolher a dor é abrir o coração ao amor.
A verdadeira transformação começa quando paramos de fugir. Quando dizemos: “Sim, estou ferido. Sim, isso doeu”. Esse gesto simples, mas profundamente humano, abre espaço para que Deus entre. Acolher a dor não é fixar-se nela, mas aceitá-la como parte da jornada. É reconhecê-la sem julgamento, com compaixão.
Deus não está distante de nossa dor. Pelo contrário, é na dor que Ele mais se aproxima. O próprio Cristo chorou, sofreu, experimentou abandono. Ele conhece as feridas humanas e caminha ao lado de quem sofre. Quando acolhemos nossa dor diante Dele, estamos, na verdade, nos aproximando do Seu coração. Estamos dando um passo em direção à cura verdadeira, aquela que não vem da fuga, mas da reconciliação com a realidade interior.
A espiritualidade verdadeira não se constrói em cima da negação, mas da integração. Ser espiritual não é estar sempre bem, mas permitir que até mesmo a dor seja habitada pela presença de Deus. O amor de Deus não exige que estejamos curados para nos amar. Ele nos ama exatamente como estamos. E é esse amor que cura.

Quando entregamos nossa dor a Deus, encontramos luz no meio da escuridão.
Conclusão:
Abraçar a própria dor é um gesto de coragem. É uma decisão de parar de fugir e começar a viver com verdade. Quando reconhecemos nossas feridas e nos colocamos diante de Deus com sinceridade, criamos um espaço de encontro profundo com o Seu amor. Fugir da dor só prolonga o sofrimento. Acolher a dor, com humildade e fé, é abrir o coração para uma experiência real de cura.
Deus não nos pede perfeição. Ele pede inteireza. E a inteireza inclui as partes feridas, confusas, quebradas. Ao nos apresentarmos como somos, somos amados como nunca imaginamos ser. Acolher a dor é, portanto, o início de um caminho de reconciliação com Deus, com a vida e conosco mesmos.
Você já acolheu sua dor diante de Deus?
Compartilhe esse artigo com alguém que precisa ouvir isso hoje e comece sua jornada de reconciliação. Se quiser aprofundar esse processo, conheça meu método de Cura da Criança Interior. Vamos juntos transformar feridas em amor.
Acesse o link