Por que nossa mente esconde as dores da infância? Entenda como funcionam as feridas emocionais

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Você já se perguntou por que certas lembranças da sua infância parecem embaçadas ou até mesmo inexistentes? Por que, ao tentar lembrar de certos episódios, vem um vazio, uma confusão ou até um aperto no peito sem causa aparente? Isso acontece porque um dos mecanismos mais sofisticados de sobrevivência da nossa mente é justamente evitar que entremos em contato direto com memórias traumáticas. O nome disso? Autoproteção psíquica.

Nossa mente é inteligente e, para nos manter funcionando e emocionalmente estáveis, ela desenvolve formas de nos afastar das lembranças que ainda carregam dor. Isso não significa que essas experiências deixaram de existir. Pelo contrário, continuam lá, silenciosas, escondidas nas gavetas mais profundas da memória emocional, influenciando nossas atitudes, escolhas e reações.

Grande parte dessas memórias vem da infância, fase em que somos pura sensibilidade, onde tudo é absorvido sem filtro, sem explicações lógicas. A criança sente intensamente, mas ainda não tem os recursos mentais para interpretar ou elaborar o que está acontecendo ao seu redor. Por isso, experiências de rejeição, abandono, medo ou até falta de acolhimento emocional ficam registradas como feridas abertas que, mesmo inconscientemente, continuam pulsando dentro de nós.

O que torna esse processo ainda mais desafiador é o modo como a mente registra essas experiências: em forma de imagens mentais. Nós pensamos por imagens. Sempre que lembramos de algo ou mesmo quando criamos uma expectativa, uma cena se forma em nossa mente. São essas imagens mentais, sensoriais, simbólicas e muitas vezes distorcidas, que moldam o nosso mundo interno. Elas são como sonhos que vivemos acordados e que têm o poder de dirigir nossa vida sem que percebamos.

Na infância, a mente funciona muito mais pelo mundo simbólico e sensorial do que pela lógica. A criança vive como se estivesse dentro de um sonho constante. Ela não acorda para dizer “isso não é real”. Aquilo que ela sente se torna verdade absoluta. E essa verdade emocional passa a ser a base de sua realidade, influenciando todas as suas relações futuras e sua visão de mundo.

Por isso, compreender como nossa mente nos protege do que nos feriu pode ser o primeiro passo para começar um processo profundo de cura e reconexão com nossa criança interior.

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Nossa mente nos afasta da dor criando distorções da realidade.

O mundo interno da criança: onde as feridas se formam.

A infância é o solo onde se plantam as sementes emocionais que carregamos ao longo da vida. Tudo o que vivenciamos nos primeiros anos, de forma direta ou simbólica, vai sendo armazenado em nosso sistema como uma espécie de código emocional. Quando algo nos fere ou nos ameaça emocionalmente, o cérebro infantil não tem como racionalizar. Ele apenas sente.

A mente da criança não distingue entre o real e o simbólico. Se ela se sentiu ignorada, rejeitada ou pouco amada, isso se registra como uma dor real. E essa dor pode se transformar em uma imagem mental que a acompanhará por décadas. Uma palavra ríspida, um olhar de desprezo, a ausência de acolhimento, tudo pode se transformar numa memória emocional que se expressa na vida adulta como insegurança, medo de rejeição ou dificuldade de confiar.

Essas imagens mentais não são simples lembranças. Elas são arquétipos vivos, que carregam sensações, cheiros, sons, emoções. E, como o cérebro não distingue o que é passado do que é presente, cada vez que acessamos (mesmo inconscientemente) essas imagens, sentimos tudo novamente. É como reviver o trauma sem saber de onde ele vem.

Por isso, muitas vezes nos sentimos tristes sem motivo, com medo sem razão, ansiosos diante de situações simples. As memórias da infância, travestidas de sonhos emocionais, estão atuando em nosso campo psíquico.

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Nossas memórias de dor podem nos manter presos em uma bolha de sofrimento.

A mente que protege e esconde: quando o silêncio fala mais alto.

Diante dessa dor silenciosa, o cérebro entra em ação. Ele constrói mecanismos para nos proteger. Bloqueia memórias, cria justificativas, esconde as imagens mentais em camadas profundas do inconsciente. Isso não é defeito, é proteção. A mente tenta garantir que possamos viver, crescer, produzir… mesmo carregando feridas que não foram tratadas.

Esses mecanismos são eficientes, mas limitados. O problema é que essas feridas continuam lá, influenciando nossas relações, nosso olhar sobre nós mesmos, nosso senso de merecimento e pertencimento. E, quando não temos consciência delas, nos sabotamos. Repetimos padrões, atraímos pessoas semelhantes às que nos feriram, evitamos mudanças, fugimos do autoconhecimento.

Com o tempo, esses traumas silenciosos formam nosso “falso eu”: um conjunto de comportamentos, crenças e atitudes criados para sobreviver, e não para viver plenamente. Esse falso eu, acredita que está no controle, mas vive à mercê das feridas que tenta esconder.

Reconhecer isso é doloroso, mas necessário. Só conseguimos curar aquilo que temos coragem de olhar.

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Acolher a nossa criança interior é o primeiro passo para a cura.

Conclusão:

O que vivemos na infância não desaparece. Pelo contrário, torna-se a base invisível que sustenta, ou limita, nossa vida emocional. As imagens mentais criadas nesse período formam o pano de fundo da nossa personalidade e influenciam até hoje nossas emoções, escolhas e relações. Quando não acessadas com consciência, essas memórias dolorosas nos levam a repetir padrões e a viver em modo de sobrevivência, afastando-nos de quem realmente somos.

A boa notícia é que é possível ressignificar essas experiências. Ao compreender os mecanismos da mente e reconhecer as feridas que ainda doem, damos início ao processo de cura. E curar não é apagar o passado, mas olhar para ele com compaixão, acolher a criança que fomos e escolher novos caminhos com consciência e liberdade.

Se esse conteúdo tocou algo dentro de você, talvez seja a hora de dar um passo a mais na sua jornada de autoconhecimento. Explore mais sobre a cura da criança interior em outros artigos do blog ou conheça o meu método completo de reconexão emocional. Comece agora a cuidar da sua criança interior — ela ainda vive aí dentro de você.

Acesse o link https://metododacuradacrinacainterior.com/

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